sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Ela



É quase ultrajante que seja de tão fácil modificação enquanto finca-se em suas teorias e mesmices. Seus tipos cheios de soberba sempre que lhe falta sabedoria.
Não é como se fosse sempre triste, mas sabe-se ao olhar seus olhos que não é totalmente feliz.
Viu quebrar-se algo dentro de si aos treze anos e ainda coleta os pedaços na esperança de um dia recompor-se.
Quase não derrama as lágrimas, mas em seu peito chora oceanos de coisas não vividas e tristezas que o tempo ão foi capaz de apagar.
Não. Não é fácil ter treze anos, mas ela não sabe disso. O que sabe é sobre o medo de perder a mãe, sabe sobre a sombra paterna em que viu transformar-se seu pai. Seu herói que perdeu a capa, mostrou acabados seus poderes e ficou sendo apenas o homem comum.
Ela sabe sobre levantar-se cedo demais e dormir consciente de que ao seu lado um mundo desmorona-se lentamente... Tem tanto medo!
Ela sabe sobre as suas verdades, sabe sobre o que reclama seu peito quando a noite se aproxima.
Ela sabe também sobre o triunfo da vida, mas isso quase todos sabem, quase todos veêm e nada tem a ver com ela, mas com a mulher que conseguiu sair com a vitória.
E ela que sorri quase todo o tempo, que brinca com os mais novos como se não tivesse idade alguma, que se esconde em palavras, em desenhos sem nexo, e na música que gosta, na que não consegue gostar.
Ela que consegue ser naturalmente engraçada, mesmo estando tão distante, tão longe do que os olhos são capazes de ver.
Ela que foi julgada e rotulada...
Que muitas vezes ficou sem entender e que decidiu esquecer...
Ela que não quer mais ouvir como deveria ser.
Ela que fez mais coisas que seu rosto pode contar, mais do que pode lembrar, mais do que seria aconselhável rememorar...
Ela que agora modifica-se novamente, que começa a ver com mais clareza, ou que esconde-se em um buraco ainda maior...
Ela que escreve agora, ela que se reescreve quase toda hora.

Um sorriso, dois beijinhos...

Um comentário:

Poetic Girl disse...

Todos os dias temos um reencontro com nós próprios, e como isso é bom! bjs