terça-feira, 9 de março de 2010

JP e o primeiro beijo

Já era bem tarde quando os amigos pararam de estudar. Laura deitou no sofá dos garotos, Nanda se arrastou até o quarto de Lucas e enfiou-se com ele embaixo das cobertas.
Amanda estava ao celular com o namorado e andava de um lado para outro parecendo chateada.
- Não. Não precisa se preocupar eu dou um jeito. Tá legal coversamos amanhã.
JP disfarçou indo até a cozinha, mas a amiga o seguiu e sentou-se sobre a bancada enquanto ele preparava o café.
- Tudo bem? (perguntou apenas para puxar assunto).
- Ele está com os amigos, não vem me buscar. (ela respondeu tentando esconder que estava chateada).
- Pode ficar aqui. O Lucas e a Nanda já foram dormir e a Laura parece bem no sofá, pode ficar no meu quarto, ou eu te levo pra casa...
- Obrigada JP, mas eu não quero dar trabalho, vou só tomar uma xícara de café e chamar um táxi.
Ele entregou a xícara nas mãos da amiga e ficou ao seu lado em silêncio. Sabia que ela precisava se abrir, mas não queria forçá-la.
- Ele tem sido tão idiota! (ela reclamou depois de um gole). Não sei o que está acontecendo com a gente, mas a verdade é que nem nos vemos direito e quando estamos juntos é sempre tão estranho! Parece que já não o conheço mais...
Sem saber o que dizer para fazê-la sentir-se melhor ele a abraçou com carinho e deixou que a amiga chorasse em seu ombro.
Ela o abraçou de volta e ficou ali. O perfume dele era gostoso e aos poucos ela esqueceu porque estava chorando. Tudo que sabia é que era bom estar ali, que os braços dele faziam com que se sentisse segura, que o silêncio da casa era acolhedor.
As meninas sempre brincavam com JP. Ele era um amigo querido, mas era bom não se envolver porque sua fama com as garotas não era das melhores. Um pegador, era como Laura o definia e ele justificava o título.
Refreou com dificuldade a vontade de beijá-la. Mas só porque gostava demais da amiga e não queria que ela se culpasse mais tarde.
- Quer mais café? (perguntou se afastando).
- Não... (ela o olhava nos olhos, os braços ainda sobre seus ombros).
Ele não sabia o que fazer. Estava empenhando toda sua força de vontade para resistir, mas Amanda não estava facilitando.
A mão dela acariciou suavemente sua nuca e ele fechou os olhos instintivamente. Os lábios úmidos cobriram os seus com suavidade antes de se distanciar por segundos apenas para retornar em seguida com mais vontade.
O coração dela disparou no peito enquanto o beijava.
Se afastou assustada balbuciando desculpas sem sentido enquanto pegava sua bolsa. O garoto a seguia pelo apartamento respondendo que estava tudo bem, mas ela não queria ouvir.
Ele a seguiu até a porta e pensou que estava tudo perdido, que a amizade dos dois estava seriamente comprometida.
- Você tem que me prometer que isso ficará entre a gente. (ela falou séria e ele concordou). JP, me desculpe por isso, mas eu realmente preciso que esqueça o que aconteceu e continue sendo meu amigo.
- Está tudo bem (ele respondeu sorrindo). Você não precisa se preocupar com isso.
Ela entrou no elevador e ele ficou observando-a enquanto a porta se fechava. Seu hálito tinha sabor de café e ele sentiu que estava seriamente viciado naquela bebida.

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