segunda-feira, 15 de março de 2010

A DAMA BRANCA

Eu gosto de poesia. Curto mesmo e não me envergonho. Gostar de poesia não significa que eu entenda de tudo, que saiba os códigos utilizados. Não. Eu apenas me emociono. Manuel Bandeira fez parte da minha vida, mais que Harry Potter ou os Três mosqueteiros houve uma época em que MB era tudo que eu lia. Não me interessa se nesta época eu estava a beira do abismo, despertou em mim o gosto pela escrita, o teatro e a pintura. Me fez de alguma forma melhor. Se desci até o fundo do poço, me ensinou que posso retornar ainda mais forte.
O poema de MB abaixo, emocionou minha mãe várias vezes e está em minha cabeça como um exemplo da dor que se transforma em arte.

Beijo, beijo, beijo
Gi.

A DAMA BRANCA

A Dama Branca que eu encontrei,
Faz tantos anos,
Na minha vida sem lei nem rei,
Sorriu-me em todos os desenganos.

Era sorriso de compaixão?
era sorriso de zombaria?
Não era mofa nem dó. Senão,
Só nas tristezas me sorriria.

E a Dama Branca sorriu também
A cada júbilo interior.
Sorria como querendo bem.
E todavia nçao era amor.

Era desejo? - Credo! de tísicos?
Por histeria... quem sabe lá?
A Dama tinha caprichos físcos:
Era uma estranha vulgívaga.

Era... era o gênio da corrupção.
Tábua de vícios adulterinos.
Tivera amantes: uma porção.
Até mulheres. Até meninos.

Ao pobre amante que lhe queria,
Se lhe furtava sarcástica.
Com uns perjura, com outros fria,
Com outros má,

- A Dama Branca que eu encontrei,
Há tantos anos,
Na minha vida sem lei nem rei,
Sorriu-me em todos os desenganos.

Essa constância de anos a fio,
Sutil, captara-me. E imaginais!
Por uma noite de muito frio,
A Dama Branca levou meu pai.

2 comentários:

Jéssica disse...

Manuel Bandeira esteve ou está em você, assim como passou por mim...

Gi_Corrêa disse...

Sábias palavras irmã minha.

te amo.