domingo, 9 de novembro de 2008

Ensaios

A gente ensaia a vida toda;
Como falar com a pessoa que ama,
Como dizer aos amigos o quanto são importantes,
Como dizer aos pais que cresceu
Como não chorar no fina do filme,
Como dizer ao chato sem magoá-lo,
Como mudar de visual,
Como agir com naturalidade;
Se o chuveiro queimou antes do banho terminar,
Se a meia rasgou na entrada da festa,
Se o presente não agradou;
Se o peru queimou
A pessoa esperada não chegou.

No final;
Nunca falamos o que amamos,
Nunca demos importância,
Não nos deixamos crescer,
Não seguramos as lágrimas,
Precisamos magoá-lo,
Continuamos os mesmos,
Não há naturalidade;
só espuma em nosso corpo,
Só vergonha em nosso rosto,
Decepção em nosso olhar,
Sanduíche para o jantar,
Você ficou a esperar.

A vida ainda é a mesma,
Você não mudou...
Não teve coragem de chorar...
Não chorou...
...Chorei.

Mais um poema, outro que escrevi a muito tempo...

Sabe como é, queimei meus neurônios na última semana para escrever sobre depressão...
A resposta sempre esteve no meu interior e mesmo sabendo disso, não poderia ser, não era assim. Então escrevi de forma profissional apenas para o êxito de agradar meus avaliadores... (um teste? um veneno). Uma pena, mas era o certo a fazer e terei o veredicto amanhã depois de me apresentar.
Na verdade o que penso sobre esta doença terrível é que sendo altamente destrutiva é também produtiva para àqueles que sabem fazer um bom encanamento.
Sou uma fiel leitora de Manuel Bandeira, entusiasta de suas belas palavras. Tinha 17 anos quando fui apresenta à sua obra (há 10 anos). Estava triste, me sentia sozinha não sabia explicar os motivos de choro, a dor ou a vontade de ficar só. Mas era assim, eu dormia pouco e seus livros eram minha companhia, compartilhavam comigo a tristeza. Passei a escrever, mas não mostrava meus poemas fúnebres e pessimistas. Ainda tenho recaídas, mas já aprendi a lidar com a dor, acho que de tudo que passei o mais difícil foi sofrer sozinha, não querer preocupar meus pais e sorrir.
Hoje quase não escrevo poemas (acredito que seja um bom sinal), mas escrevo histórias, coisa que adoro.
Sobre depressão?
Acredite em mim, dói, mas passa...

beijo, beijo, beijo...

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