quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O gatuno

As mãos eram ágeis, mas os olhos... Bem, eram ainda mais...
Olhava o ambiente com aparente desinteresse, avaliava, decidia.
Com uma resolução invejável se aproximava.
Os dedos rápidos tocavam de forma displicente, os olhos encaravam famintos.
Um sorriso cínico se desenhava nos lábios.
Poderia ser comparado ao caçador, mas preferia o larápio, aquele que roubaria sem deixar rastro, que não deixaria marcas, mas saudade.
Trabalhava com maestria, quando terminasse o serviço ficaria apenas aquele sentimento de que falta algo.
Algumas vítimas nem perceberiam o roubo, não se dariam conta do bem perdido. Para outras seria devastador, perder algo assim tão precioso...
Mas ele não estava ali para se comover, estava para conquistar, tomar, ter.
Fecharia a noite como vitorioso, guardaria na lembrança a sensação de posse, levaria consigo o fruto do roubo.
Não se incomodava em manter o produto intacto, queria apenas apreciá-lo em sua coleção.
Uma vasta coleção decorações partidos...

beijo, beijo,beijo.

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